segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Jogos Imortais: Sporting 3 Sport Lisboa e Benfica 6


Prólogo: Nada está garantido, supostamente...

O derby de Lisboa entre Benfica e Sporting é sem dúvida o jogo mais tradicional do futebol português. É assim em Portugal e também é assim em Espanha com o Real e Atlético, em Itália com o Milan e o Inter; Lazio e Roma, em Inglaterra Arsenal e Tottenham; Liverpool e Everton, United e City. 

14 de Maio de 1994 – Estádio José Alvalade.
Estávamos na temporada de 1993 1994, que se tornou mítica devido aos acontecimentos que ocorreram no defeso que ganhou o epíteto de “verão quente” (em alusão ao período revolucionário que o país viveu em 1975), pois foi marcado pelas rescisões unilaterais dos contratos de Paulo Sousa e Pacheco, que alegando salários em atraso na Luz rumaram até Alvalade.
Sousa deve ter sido pelo dinheiro. Pacheco por causa do dito pilim e por vingança contra aqueles que contrataram Futre e o despromoveram para o banco, se bem que Pacheco afirme que saiu por causa negação absoluta daquilo que considerava serem os grandes valores do Benfica!

Falou-se ainda de Rui Costa, Vítor Paneira, Isaías, Hélder e Neno como tendo sido aliciados pelo Sporting a seguirem o mesmo caminho. Todos ficaram. João Pinto, diz-se que chegou mesmo a rescindir o contrato sendo contudo resgatado in-extremis pelo então presidente Jorge de Brito em Torremolinos, quando tinha tudo acertado com o Sporting para jogar em Alvalade. Um contrato amplamente melhorado manteve-o na Luz e... Foi o que se viu, não só na época que estava para começar como nas restantes até jva ter ficado sem dinheiro para pagar a manutenção do lucky me.

Como se pode imaginar, as relações entre Benfica e Sporting azedaram bastante. Entre adeptos foram meses a ouvir que agora é que era... No entanto, Toni lá no seu canto com os seus jogadores, foi fazendo o seu trabalho. Trabalho árduo sem nota artística mas trabalho de Benfiquista que acabou por resgatar o orgulho do clube que fora ferido quase de morte uns meses antes...

Uma espécie de aperitivo já tinha sido servido a 18 de Dezembro de 1993 mas no entanto uma semana antes do dérbi da segunda volta o Benfica empata em casa com o Estrela da Amadora e fica com apenas um ponto de vantagem sobre o Sporting, que no mesmo dia ganha exuberantemente em Aveiro por 0-4. Os leões apresentavam-se nessa fase, aparentemente, em grande forma, ao contrário do Benfica que dava ares de estar a perder gás. Pudera, o clube tinha chegado ás meias-finais da taça das taças e os de Alvalade só tinham campeonato e taça...
Eis-nos então chegados a Alvalade, a essa tarde de 13 de Maio em que tudo se decidia. Lembro-me que durante aqueles dias anteriores ao jogo, toda a gente dizia que o Benfica não tinha a mínima hipótese de ganhar e que a "famosa" meia-hora dos lagartos seria suficiente para arrumar com a malta. Até Benfiquistas... Eu mesmo estava pouco crente, é que a equipa não tinha dado resposta afirmativa no jogo anterior frente ao Amadora. Aliás, nessa época o Benfica tinha perdido com Salgueiros e Setúbal, tinha consentido empates nos jogos com farense e marítimo (fora), Gil Vicente e Estoril (em casa)...

Depois, e em termos de convocatória, os russos fizeram das suas e Toni afastou-os do jogo. Rui Costa estava sem baterias... Veloso tinha estado muito tempo afastado. William, Hernâni, César Brito e Rui Águas já estavam no outono das suas carreiras... Tudo parecia muito curto face àquela geração "boysband" de ouro orientada por Queiroz... Pouca crença mas a mística não morre!

Ainda por cima faltavam apenas mais quatro jornadas para terminar o campeonato (campeonato com trinta e quatro jornadas!) e, assim sendo, quem vencesse ficaria com o caminho praticamente aberto para o título. E não se tratava de um qualquer título. Era talvez o título nacional mais importante da história do Benfica até então. Era o título do orgulho resgatado, depois de quase se assistir ao desmantelamento da equipa e do próprio clube. Por outro lado, o Sporting não vencia qualquer prova havia doze anos. Era aquilo a que se pode chamar um jogo de vida ou de morte, e logo entre os eternos rivais. Um pitéu!
A tarde estava chuvosa e o estádio a abarrotar... 
Eu a jantar sandes... Sandes pois! Frente a um televisor pequenino... Tinha outro na sala mas na cozinha parece que estava tudo mais cheio, mais compacto. A RTP liga a Alvalade e conhecem-se os onze iniciais.

No Sporting, Queiroz fez alinhar: Lemajic, Nelson, Valckx, Vujacic, Paulo Torres, Paulo Sousa, Capucho, Figo, Balakov, Cadete e Iordanov. Peixe e Juskowiak estavam suspensos após um jogo esquisito no norte. O valente Carlos tinha feito mais um favor ao "seu clube" duas jornadas antes...

O Benfica, apresentou-se da seguinte forma: Neno, Veloso, Mozer, Hélder, Kenedy, Abel Xavier, Vítor Paneira, Schwarz, Isaías, João Pinto e Ailton.
Toni fez o que tinha de fazer: Neno na baliza com Veloso, Hélder, Mozer e Kenedy a ocuparem os habituais quatro lugares da defesa. Toni lembrou-se do jogão de Paneira nas antas em 1991 e ter-lhe-á pedido para fazer uma coisa semelhante no lado direito da equipa. Schwarz faria o equivalente do lado esquerdo e Abel Xavier iria ser o trinco...

Duas grandes surpresas na defesa. Abel Xavier não era um lateral direito em que se pudesse fiar muito (Toni utilizou 3 laterais direitos durante toda a época: Veloso, Abel, e Xavier) mas devido à sua altura, Toni terá pensado que seria extremamente útil na batalha pelo espaço aéreo. Conta-se que a decisão foi tomada e comunicada ao jogador no dia do jogo. Kenedy também surpreendeu... Penso que Toni quis dar mais tracção à equipa e para isso fez subir Schwarz para médio e colocou o jovem defesa a fechar o flanco esquerdo, passando o regressado Veloso para o lado direito. E decidiu bem porque Kenedy era o defesa mais rápido e teve sempre muito atenção ao jogo interior e exterior dos avançados do Sporting.

Sobravam Isaías e João Pinto que teriam de dar o litro no meio campo e ataque mais Ailton que teria de sofrer sozinho lá na frente.

Os dados estavam lançados! Naquela altura pensei "Abel Xavier what? Kenedy a defesa? Vamos para defender?" Mas não havia outros e lembro-me de pensar: Confia no Toni caraças! WTF... Os dados estavam lançados... Até se anunciou nos altifalantes que uma loja da Caparica iria ofereceria um par de calças de ganga ao jogador do Sporting que marcasse o quarto golo da equipa...
E a partida começa...

O Sporting entrou de forma avassaladora, dominando completamente a primeira meia hora de jogo. Fez uma pressão extremamente forte às saídas de bola do Benfica e não se fez rogado em explorar o deficiente jogo aéreo da equipa (Neno particularmente que saía muito mal aos cruzamentos apesar de não ser muito bem protegido pelos colegas) e logo aos 10 minutos, Cadete abriu o activo.

O Benfica estava muito preso às marcações e não conseguia sair com a bola controlada em progressão naquele relvado empapado, o jogo de ataque ficava sempre pelas imediações da área do Sporting. Alvalade fervia com tanta euforia... Parecíamos encurralados!

Mas aos trinta minutos de jogo, João Pinto ganha um ressalto, arrasta Paulo Sousa consigo. Paneira e Ailton fixam o resto da defesa leonina. Como podem observar, eram 7 jogadores do Sporting (8 com Lemajic) contra 3 do Benfica, o que poderia fazer um jogador como João Pinto? Enganou Paulo Sousa e, para aí a uns trinta metros da baliza, enviou um míssil para o empate. Que grande golo! Uma obra de arte criada a partir do nada!
 
Mas o empate não durou por muito tempo. O Benfica recuou mais do que devia... Deixando o Sporting jogar em profundidade e...

Canto para o Sporting, a defesa do Benfica abana como sempre abanava nas bolas paradas e 2-1 por Figo. Na cara de Neno!
5 miseráveis minutos empatados...

Sentia-se a euforia cega dos sportinguistas, mas João Pinto sentiu que tinha de ser ele a fazer a diferença. Mais uma vez eram sete jogadores de campo do Sporting contra Paneira, Ailton e João pinto. Schwarz ficava sempre atrás do lado esquerdo e Isaías à saída do meio-campo. João, que chegou a estar rodeado por CINCO jogadores do Sporting, faz isto:
Nesta altura, festejei mas com muita moderação porque... Gato escaldado tem medo de água fria! As unhas já eram...

Com o jogo empatado a duas bolas, o Benfica, continua expectante mas a ser capaz de se aproximar da área contrária. O Sporting tinha investido muita energia para chegar a esta altura e estar empatado, contra um Benfica que, mesmo com as deficiências apontadas, estava um pouco mais coeso.

João Pinto, em disputa com Figo ganha uma falta perto da grande área do Sporting...
A partir de uma bola parada, o Benfica faz a segunda jogada de ataque completa, como equipa e chega, ao intervalo a vencer por 2-3.
Desta feita, livre de ter de intervir no processo de criação, João pinto limitou-se a ver os colegas Ailton, Paneira e Isaías a fabricarem o lance e colocou-se no "ground-zero". A bola até parece que o queria encontrar mais uma vez antes de ir para o seu destino final!
Intervalo! Lembro-me perfeitamente de me ter sentido atordoado após o final da primeira parte. Até me lembro de ter perguntado se já tinham passado quarenta e cinco minutos, tal a volatilidade da partida. De facto, estavamos perante duas equipas que queriam vencer a partida, se bem que uma terá sido mais pretensiosa e outra mais humilde.

João Pinto tinha sido a Chama Imensa que o contexto de toda aquela época e a chuva daquele final de tarde, não tinham conseguido extinguir.
Agora, para os últimos 45 minutos, teria de ser o conjunto a manter a mesma a arder...

Algumas imagens recentemente obtidas da primeira parte:
Ao intervalo Carlos Queiroz opta por fazer uma alteração baseada na suposta superioridade técnica da sua equipa...
Alteração que se viria a tornar no seu Nemesis... Tira Paulo Torres e coloca Pacheco em campo, assumindo que o extremo seria capaz de fazer o corredor esquerdo e/ou que Sousa e Vujacic iriam compensar aquele vazio... Eu cá pensei que... Finalmente todos os condimentos estavam em campo para o jogo ser perfeito... Com aqueles dois traidores em campo a vingança seria melhor...

Paneira do lado direito sem lateral à sua frente... Sim sim! Paneira até conhecia as manhas do Pacheco! Com Sousa ou Vujacic a dobrar o lado esquerdo da defesa leonina, criou-se o mito da auto-estrada naquele início de segunda parte. Em menos de dez minutos (48 e 57) Isaías colocou ponto final em quaisquer expectativas que o Sporting pudesse ter.
No primeiro é servido por Paneira após uma cavalgada gloriosa pelo flanco direito, com uma cortina açucarada de João Pinto. No segundo servido através de mais uma obra de arte de João Pinto que chegou a ter literalmente quatro jogadores do Sporting em cima de si...

E Isaías a fazer o sinal do diabo vermelho em bicos-dos-pés... D'Arrasar!
Uma ressalva para Ailton. O Brasileiro nunca andou ali a passear. Reparem como arrasta sempre um defesa com os seus movimentos!

Toni decide então quebrar o jogo com duas substituições operadas em seis minutos: Rui Costa para o lugar de Isaías que já tinha apanhado nas canelas várias vezes (71 minutos) e abandonou a partida depois de lhe terem quase partido um joelho. E Rui Águas para o lugar de João Pinto (aos 78 minutos).

Toni refez a organização táctica da equipa: Schwarz fazia dupla a meio-campo com Abel Xavier, Ailton recuava para extremo esquerdo, Rui Costa fica à frente dos 2 médios e Águas na frente do ataque. Muito bem Toni.

Mas pelo meio destas duas alterações, já Paneira e Hélder tinham fabricado o único golo sem intervenção de João Pinto. Golo que o defesa festeja à-la Amália... Povo Benfiquista bonito, que passaste uma semana... Uma época, a ser achincalhado... 2-6!
Não me esqueço de Queiroz quando não virou a cara ao seu ex-pupilo e lhe deu um aperto de mão... Sinal de reconhecimento pelo seu fenomenal trabalho nessa tarde/noite! Isto depois de Toni o ter cumprimentado/felicitado... Tal como um pai!
O Sporting ainda reduziu por Balakov de penálti mas a vitória/vingança estavam servidas. A FRIO!

Nota: Quer Isaías quer Rui Águas, tiveram a oportunidade de dilatar o marcador. No entanto, nunca considerei a não marcação nesses lances como falhanços.

No lance de Isaías, ficou um penálti por assinalar:
Tendo Isaías que sair porque Lemajic lhe abriu o joelho com aquela entrada com os pitons.
No lance do Rui Águas, valeu a saída de Lemajic:
Para o fim da partida, ficou a guerra dos olés. Verdade! Houve adeptos do Sporting que entoaram olés quando a sua equipa atacava... Pasme-se...

Que desporto fabuloso que é o futebol... Lembro-me perfeitamente de ver o meu irmão a imitar o Isaías, quando este mergulha no relvado a festejar mais um golo. Foi nos azulejos... Lembro-me de ir beber um copo lá no café da terra e aquilo estar a meio gás... Eles tinham ficado em casa.

Algumas imagens da segunda parte:
O que se disse após o término da partida:
Fica a crónica do jornal A Bola.
Repararam em alguns dos escribas do jornal à época? As fotos são de tamanho real pelo que cliquem para as abrir numa janela em separado.

Fica também o vídeo resumo desta partida fenomenal:
E o Francisco Figueiredo que exclamava golo antes do Gabriel Alves... Meio incrédulo ou meio resignado!

Depois o Benfica ganhou por 1-0 ao união da madeira (Na Velha Catedral) e foi sagrar-se campeão a Braga frente ao Gil Vicente.

Pronto, tudo dito/escrito. Para quem queira, deixem as vossas memórias. É para isso que serve este artigo!

A Maio de 2020: Há pelo menos duas páginas que colocam o vídeo deste blogue nos seus artigos... Mais Futebol e Zero Zero. Antes isso
E Pluribus UNUM

9 comentários:

  1. Grande jogo do jvp, grande resultado. Excelente post mais uma vez, parabéns.
    Boas festas
    vito g.

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  2. varias considerações:
    pacheco com a vinda de futre foi relegado para a bancada porque antes da vinda dele já nem titular era.
    jvp rescindiu mesmo alias o jorge de brito teve de pagar a clausula de rescisão do contrato promessa que o jvp tinha assinado e não foi nada barato.
    se william com 26 anos estava no outono da carreira então o veloso já estava na cova não?
    o jvp foi desde o inicio assobiado, por ter feito o dito por não dito, mas tenho ideia que na segunda parte eles calaram-se com os assobios.
    os nomes que eu chamei ao neno no segundo golo.
    o jogo com o união foi uma grande porcaria com o williams a falhar um penalty.

    de resto muito bom.

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  3. João, quanto ao William está tudo correcto.

    O brasileiro tinha 26/27 anos e ainda não estava no tal outono. No entanto, parecia que já não dava muito mais daí ter utilizado a tal expressão. Ainda ficou mais uma época e depois foi dar uma volta a França e a Espanha acabando a carreira no guimarães. Ele que foi um dos pilares do Benfica de 1990 1991...

    Quanto a Pacheco... Bem pelo que se pode descobrir, ele nessa época (1992 1993) fez cerca de 1841 minutos em todas competições (cerca de 20 a titular) e marcou nove golos... Ele foi titular em algumas partidas mesmo depois do Futre chegar.

    Mas algo já andava mal naquela cabeça. Aliás, ele sempre foi um rebelde...

    Saudações Gloriosas

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  4. sobre o pacheco os teus dados estão correctos mas se decompormos esses dados temos:
    com ivic em 12 jogos ele foi titular em 8
    com toni, antes de futre em 17 jogos ele foi titular em 5
    com toni, depois de futre em 20 jogos ele foi titular em 7
    por isso fiquei sempre com a impressão que com futre ou sem ele pacheco já não contava pata o toni.

    sobre o williams essa tua ideia talvez venha do facto dele pouco ter jogado na época anterior já que praticamente ele esteve quase sempre lesionado entre outubro e abril.

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  5. É uma das maiores alegrias que tive com o nosso Benfica.Toda a época foi um constante falar que o sporting é que era bom,que tinham o melhor plantel,melhor treinador,um grande presidente ou seja a comunicação social andava cega em relação ás osgas.Na semana precedente ao jogo só se falava que os calimeros iam golear,iam humilhar,iam ser campeões e numa coisa o campóneo do cintra teve razão ao dizer antes do jogo que ia acontecer um resultado "histórique".É verdade que entrámos mal,mas depois da primeira obra prima do J.V.P. o jogo passou a ser controlado pelo Glorioso.Aliás,acho que se não tirassemos o pé do acelarador após o golo do Helder,a vingança dos 7-1 seria perfeita.Outra situação excelente foi ver o mercenário sousa ser gozado e levar baile pelo menos no primeiro,quarto e quinto golos.Considero que apesar de existirem alguns desiquilibrios,era o plantel mais forte em Portugal.Era um grupo de trabalho que conjugáva experiencia(Neno,Silvino,Veloso,William,Mozer,Hernani,Paneira,Kulkov,Isaias,Águas e C.Brito),com juventude(A.Xavier,A.Silva,Helder,Kenedy,R.Costa,J.V.P,Ailton ou Yuran).Refira-se tambem o papel preponderante que Toni teve na condução da equipa,só um Senhor com o seu Benfiquismo poderia juntar os cacos daquele verão traumatizante.Mas o dia 14 de Maio de 1994 foi,é e será um marco da sublime história do S.L.B..

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  6. Gostei muito do texto parabéns pelo trabalho 1904 4 ever !

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    1. Um prazer mútuo recordar grandes momentos da Gloriosa História do Benfica.

      Volta sempre.

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  7. E o Rui Costa nem foi titular neste jogo

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  8. Muito bem escrita a crónica que lembra este épico jogo do Glorioso.. Simplesmente fantástico!

    Obrigado

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Ok digam o que bem entenderem.
Depois eu vejo